11.7.09

Documentários em Montemor-o-Novo

« A 1ª Mostra Documental de Montemor-o-Novo pretende afirmar-se como uma plataforma de projecção e debate consciencioso feito a partir do documento Cinematográfico. Nesta primeira mostra convergem diferentes pontos de vista sobre o mundo, a partir de um leque diversificado de filmes que atravessam um período situado entre os anos 60 e a actualidade.

Um olhar exterior sobre a nossa cultura a partir de documentários como "Luta de Classes em Portugal" de Kramer realizador que dedicou parte da sua obra ao estudo da sociedade Portuguesa ou "Torre Bela" de Thomas Harlen sobre a ocupação da Herdade da Torre Bela no Ribatejo através de um acutilante olhar político sobre uma época, uma utopia e as suas contradições. Paralelamente a esta visão exterior sobre cultura Portuguesa uma outra de dentro para fora. Um olhar de realizadores Portugueses sobre o mundo onde se inclui um olhar profundo sobre Portugal, feito a partir de filmes como "Bab Sebta" de Frederico Lobo e Pedro Pinho, "Nhô Simplício" de Pedro Conceição, "Outside" de Sérgio Cruz, “Gosto de ti como és” e “Queria Ser” de Silvia Firmino, “Um Pouco Mais que o Indiana” de Daniel Blaufuks ou "Jumate Jumate" de Diogo Costa Amarante entre muitos outros...

“Uma câmara na mão, uma ideia na cabeça, uma história no coração"
Miguel littin »

http://www.montemordoc.com/

PROGRAMA

Quinta Feira (16 Julho):
21:00- Jumate Jumate | 35m
21:45- Os Respigadores e a Respigadora | 82m
23:15- Grandes Esperanças | 74m

Sexta Feira (17 Julho):
15:00- Queria Ser | 55m
16:00- Mulheres Traídas | 54m
17:00- Um pouco mais Pequeno que o Indiana | 78 m

17:30horas-Os Conceitos de Documentário, relativização e contexto histórico:
1º Painel
Documentarismo, sua história, tendências recentes.
O contexto português. O cinema documentário de vocação etnográfica e a sua ligação com a representação da cultura popular de matriz rural e a identidade nacional.
Cinematografia e Etnologia, o caso da Etno-ficção.
Orador: Catarina Alves Costa

19:00- Wolfram, a saliva do lobo | 45m
21:30-Mais Alma /Catarina Alves Costa – 70m
22:30-Orquestra Típica Fernandes Ferro | Parque Urbano (Programação em parceria com a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo)
00:00- Festa Oficinas do Convento com DJ Ride

Sábado (18 Julho):

15:00 - Torre Bela | 105m
17:00 - Cenas de luta de classes em Portugal | 90m

18:30 horas-REFLEXÕES SOBRE PORTUGAL. UMA VISÃO PROCESSUAL:
2º PAINEL
Contextos sócio-políticos do país no período situado entre os anos 60 e a actualidade.
Reflexos de um país em mudança.
Imagens de um país: o documentário etnográfico como reflexo de políticas e mudanças.
ORADOR: Maria Clara Saraiva

21:30 - Bab Sebta | 110 m
23: 30- Nhô Simplício | 68m
00:45 – Polar | Performance

Domingo (19 Julho):
15:00-Resultado do Workshop com Frederico Lobo e Tiago Afonso.
15:30-Cinema Volante Apresenta (resultado de workshop)
16:00-Traces Sonores d'une écoute engagée | 55m
17:00 -80000 Shots | 50m

18:45-MOVIMENTAÇÕES NA ESTRUTURA SOCIAL E ESPACIAL
3ºPAINEL
A cidade contestada: movimentos sociais e reestruturação do espaço urbano.
Experiência urbana e Bairros populares.
Relação entre as transformações sociais e os modos de concepção e elaboração do espaço.
ORADOR:Teresa Fradique

Noite:
21:30 -Gosto de Ti como És | 57m
22:30 Outside | 15m
23:00- Balaou | 77 m


Algumas escolhas....
"Grandes Esperanças" de Miguel Marques , produção Cine-Clube de Avanca.
Entrar nos meandros da burocracia é uma aventura q.b. cómica.
Grandes Esperanças dá-nos uma visão de conjunto e quase trágica dos processos de legitimação do indivíduo perante o Estado, mostrando como toda a nossa existência depende, do nascimento à morte, da Instituição que organiza a vida em sociedade e que aqui aparece na sua dimensão abstracta e coerciva.
E só lhe vemos a ponta do icebergue. (video 3)

"Torre Bela" de Thomas Harlan
No dia 23 de Abril de 1975, cinco semanas depois do golpe de 11 de Março e dois dias antes do aniversário da revolução 500 desempregados da região de Manique, no Ribatejo (ex-trabalhadores agrícolas, antigos imigrados que voltaram ao país, reincidentes, bêbedos, prisioneiros políticos libertados), juntam-se num movimento campesino e ocupam as quatro propriedades de Dom Manuel de Bragança, o Duque de Lafões. (videos 1 e 2)

"Cenas de luta de classes em Portugal"de Robert Kramer
Kramer foi um revolucionário americano que dedicou parte da sua vida a Portugal. O seu “Cenas de Luta de Classes em Portugal” (em conjunto com outro autor) é um dos marcos na filmografia sobre o PREC em Portugal. Acompanhando a evolução política do PREC em Portugal, o documentário só peca por falar apenas na esquerda em geral, optando por não evocar as inúmeras divergências de então.
Abarcando algumas das mais importantes movimentações em Portugal no período, especialmente no espaço urbano. Regista a questão do direito à habitação ou a questão dos tribunais populares em que as pessoas não se subjugavam à justiça dos fortes. O especial destaque vai para uma mulher, envelhecida pela vida dura que sempre teve, que o maior desejo era que os seus filhos não passassem pelas mesmas agruras. Kramer acompanha-a ao longo do PREC. No início, a militância, o entusiasmo e a esperança leva-a a muitas actividades para lutar pelos seus direitos. À medida que a correlação de forças se vai invertendo e as pressões para a normalização se acentuam, a esperança vai desvanecendo e é forçada a preocupar-se com as questões “práticas” da vida.
Kramer ficou inevitavelmente ligado a Portugal. No documentário “Um outro país” de Serge Treffaut, presta algumas das declarações mais comprometidas com as aspirações do PREC. Refere que então Portugal aparece na sucessão de uma série de países onde as atenções mundiais estavam viradas: Vietname, Chile, Portugal. Justifica a sua vinda pela revolução em acção e pelo desejo de participar nessa mudança. Acrescenta ainda que o a sua participação tem (diria eu naturalmente) bastante de egoísta por não querer viver num mundo como este: ele queria mudar o mundo também por ele. Perante a acusação que no período 1974-75 o país desbaratou as “riquezas acumuladas”, Kramer considera que, para um pais que se reinventava tentando concretizar sonhos novos e antigos, terá sido uma boa forma de gastar o dinheiro. Reflecte também sobre o consumismo que apodreceu a sociedade norte-americana, sendo interessante também questionarmos o que também tem feito com Portugal. »

1 comentário:

Anónimo disse...

Acordem caralho! o 25 de abril acabou e não passou de um golpe de estado de militares burgueses!