1.7.07

Dia 13 de Julho NATUREZA MORTA em Aljustrel



Chamada de atenção para uma das sessões de cinema documental (promove C.M. Aljustrel) ao ar livre no próximo dia 13 de Julho (sexta-feira), pelas 22,00 horas, no pátio do Museu Municipal. A entrada é livre. O Filme é o NATUREZA MORTA de Susana Sousa Dias, e estará presente a realizadora para uma conversa sobre o mesmo.
NATUREZA MORTA
PRÉMIO ATALANTA FILMES PARA MELHOR DOCUMENTÁRIO PORTUGUÊS- DOCLISBOA 2005
sinopse: Dentro de uma imagem esconde-se sempre outra imagem. Utilizando apenas materiais de arquivo e sem recorrer a palavras, Natureza Morta pretende redescobrir e penetrar na opacidade das imagens captadas durante os 48 anos da ditadura portuguesa (actualidades, reportagens de guerra, documentários de propaganda, fotografias de prisioneiros políticos, mas também rushes nunca utilizados nas montagens finais), permitindo a sua reabertura a diferentes leituras.

27.6.07

Anarko Punk Fest em Odemira Dia 14 Julho

Dia 14 de Julho na Boavista dos Pinheiros,

logo a seguir a Odemira na estrada para o Algarve, o CCA Gonçalves Correia promove uma Anarko Punk Fest. Levar a agitação, a informação e o ruído a todo o Alentejo!!!
pelas 16.00 projecção do documentário
"Memória Subversiva.
Anarquismo e Sindicalismo em Portugal 1910-1975"
seguido de debate com a presença de um dos seus autores José Tavares
alargado ao mote
"Anarquismo: da memória ao presente"
à noite Concerto com
Violência Violeta / Abandalhados / Disastro Sapiens / IAC / Disgraça

sobre o Documentário:
"... Pretendeu o José Tavares e Stefanie Zoche honrar a presença, num filme, de alguns militantes idosos, dos 80 aos 100 anos, aqueles que conseguiram sobreviver à tremenda luta travada contra o fascismo e os capitalismos internacionais, em especial os heróis sobreviventes da Colónia Penal do Salazarismo, onde vários deles fizeram mais de 10 anos de cativeiro, sem processo formado, ouvindo permanentemente os carcereiros afirmar que aqueles presos nunca mais iriam ver a Liberdade, porque o governo salazarento os tinha mandado para lá morrerem. Dizem que foi a um padre que o ditador mandou escolher este local porque era riquíssimo em mosquitos pestíferos, com a tuberculose entre pessoas e gados de abate. Existia um médico na colónia penal que em vez de exercer funções humanitárias, realizava as de carrasco. Neste campo infernal morreu a flor dos militantes anarquistas e anarco-sindicalistas (para além doutros militantes de diferentes sectores políticos e revolucionários). A maior parte dos prisioneiros que conseguiram ver a liberdade, morreram pouco depois pelos achaques e maleitas adquiridas nessa maldita colónia.

Podemos bradar aos quatro ventos, sem possível desmentimento, que se não tivesse existido Tarrafal, nem tremendas repressões fascistas não se apresentaria tão dizimado como está hoje o nosso movimento anarquista. Não tivemos ajuda de nenhum imperialismo Oriental, nem das repúblicas democráticas. Os povos que nos poderiam ajudar, como o Espanhol, o Italiano, o Argentino, o Brasileiro, etc., estavam também a ser amarfanhados por diversos tipos de fascismo.

Obrigado José Tavares e Stefanie por se terem lembrado de perpetuar na tela a presença deste grupo, cuja maioria são os heróis de lutas ciclópicas em favor da Humanidade, do Amor, do Progresso e da Libberdade.

Viva a Emancipação Integral da Humanidade..."
por José de Brito
"... Neste filme, uma geração de homens e mulheres, hoje entre os 70 e os 80 (há-os centenários!), fala ainda e sempre, com veemência e a exaltação da juventude que neles não se extinguiu, da alegria e do voluntarismo revolucionários. Nesta época da conformação mais rasteira travestida de pobres emblemas exteriores (grotescas modas ousadas...), eis-nos aqui perante perante uma fala humana que até nas suas mais pungentes fragilidades se mostra superior ao pretensioso palavreado pós-moderno, asséptico e invertebrado. É certo que já só a poderá escutar quem for capaz insubmissão perante a cangalhada social – porque a revolta é a plataforma mínima de que partem estes incorrigíveis anarquistas da região portuguesa que José Tavares e Stefanie Zoche ouviram, com visível empenho, num longo périplo pela memória da subversão deste século. Para além do mais, a verticalidade de tais homens e mulheres ompõem-se como constraste luminoso numa época de apalhaçadas gesticulações..."

por Júlio Henriques

19.6.07

Pik-nik na barragem do roxo [ervidel] 23/06/07


O C.C.A. promove encontro/convívio, fora do espaço físico que o acolhe, desta vez na Barragem do Roxo [perto de Ervidel] com várias actividades entre ela a limpeza de zonas mais poluídas nas imediações da barragem. O encontro está marcado para as 10h30 na Barragem.
Toda a ajuda é bem vinda.

12.6.07

Dia 16 Pelo KÖPI em Aljustrel !




LUTA SOLIDÁRIA pelo KÖPI !!!
Centro Social Autónomo em Berlim em perigo de se perder!

No dia 8 de Maio 2007, o KÖPI - Centro Social Autónomo de Cultura em Berlim e respectivo parque onde vivem instaladas pessoas em todo o tipo de veículos moveis (wagenburg), foi vendido a uma empresa privada de nome - " Plutonium 114". Passados 17 anos de determinante dedicação colectiva em actividades culturais e políticas sem fins lucrativos, este projecto está mais uma vez severamente ameaçado de ser banido pelo o interesse e acção de corporações capitalistas em "aliança" com o Estado Alemão. O KÖPI foi vendido em leilão, ainda sob dúbias condições de legalidade, uma vez que existem contratos de arrendamento habitacional legais. O leilão foi mantido em segredo até ao dia de execução, não foi sequer publicado no tribunal distrital local (onde mais tarde teve lugar), tal como deveria ter sido, supondo os processos legais. Os mais de 100 habitantes nos números 137 e 138 da Köpenickerstr em Berlim Mitte, (zona central de Berlim), não foram consultados antecipadamente sobre a futura privatização dos seus lares legalmente arrendados, o que os restringiu de qualquer hipótese de negociação com o principal credor. Desde o início do processo que levou à actual situação, várias pessoas tem sido ameaçadas e violentadas pela policia. Quer em acções directas públicas reivindicativas, quer em inesperadas rusgas policiais às próprias habitações, aos habitantes e outros indivíduos que hipoteticamente aparentam estar relacionados com o movimento, também tem sido alvo de repressão diariamente em ocasiões inesperadas de maior fragilidade.

Há 7 anos, o KÖPI sofreu a primeira ameaça e tentativa de compra. Esta não teve sucesso graças ao apoio e resistência massiva demonstrados a nível internacional por pessoas e colectivos solidários. Considera-se que o vasto numero de actividades, eventos, manifestações e confrontos directos para com os então reais investidores e interligadas entidades envolvidas, tenham feito recuar os próprios objectivos de privatização. A isso deve-se o facto de o KÖPI ter prevalecido até hoje em grande entusiasmo e motivação. O mesmo recuo e retirada pela parte dos iminentes compradores é o que se pretende conseguir mais uma vez, e para isto é necessário, e urgente, todo e qualquer tipo de suporte!
Hoje dia 12 de Junho de 2007 é o dia de Acção Global em Apoio ao KÖPI!! Neste dia, é indiscutivelmente necessário suportar o KÖPI com actividades pelas cidades e localidades. É extremamente importante demonstrar através de variadas acções por todo o mundo que:

O KÖPI NÃO RESISTE A SÓS! Manifestações, outras acções espectaculares junto as embaixadas e consulados da Alemanha, companhias privadas alemãs, bem como institutos e associações de cultural alemã de projecção no estrangeiro, serão apropriados alvos de reivindicação e revolta. Propõem-se posters, panfletos, grafittis, actividades performativas e todo o tipo de intervenções intravenosas que se rebelem pelo KÖPI! Festas e concertos de beneficência são impreterivelmente bem vindos!

16 de JUNHO 2007 Manifestação em Berlim, e mais perto conversa e festa benefitt em Aljustrel!!

É preciso que se mantenha e multiplique a agitação, revolta e rebeldia pela a permanência do KÖPI como importante centro social autónomo que é. Sobretudo, não deixaremos que o KÖPI se torne um objecto atractivo para a especulação! NAO À PRIVATIZACAO DO KOPI! ... É completamente irrelevante quem é o seu actual comprador!
O KÖPI PREVALECE, UNIDO CONTRA O CAPITAL!

Mais info: www.koepi.squat.net Doações podem ser feitas por transferência: SKI e VIBAN: DE26100100100671802102, SWIFT/BIC: PBNKDEFF

Pensa globalmente, actua localmente
16 junho-Clube aljustrelense. Desde as 19 Hrs.

Benefit kopi - conversas sobre G-hate,

Domínio mundial, controle e repressão...
Lançamento do livro "Guerra? Qual guerra?!"
Jantarada Vegana.
Concerto
:

ESKUMALHA (punk da figueira dos cavaleiros)
PROTESE INVOLUNTÁRIA (punk de todo o lado dos caldos da rainha)
DISASTROSAPIENS (punk fudido de lá pós lados de Lixboa)

8.6.07

ECOTOPIA EM AGOSTO

Aproxima-se a realização do ECOTOPIA em Aljezur de 4 a 19 de Agosto. Informa-te sobre o mesmo. Lá nos veremos em Agosto. Umas notas acerca do mesmo…

O Ecotopia é um acampamento anual de activistas de toda a Europa e um encontro aberto a todas as pessoas interessadas em questões ambientais e de justiça social. É organizado pela EYFA (Juventude Europeia pela Acção) e por cá acolhido pelo GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental). É proposto como um local de aprendizagem, partilha de experiências e difusão de informação sobre questões ambientais, sociais e políticas, entre outras. O tema escolhido este ano são as migrações, que terão especial relevância nos dias 10, 11 e 12 de Agosto.

O Ecotopia é igualmente um modelo funcional de comunidade auto-sustentável que coloca em prática os princípios de um estilo de vida alternativo e mais amigo do ambiente: tomadas de decisão por consenso, reciclagem de lixo, refeições vegetarianas, uso de energias alternativas... Tem uma estrutura horizontal (não-hierárquica) e auto-organizada. Durante o acampamento todas as decisões são tomadas pel@s participantes no círculo da manhã e tod@s são responsáveis pela criação do programa, resolução de problemas e realização das tarefas diárias. De qualquer pessoa que se junte ao Ecotopia é esperado alguma ajuda na organização e funcionamento do encontro. Isto significa que cada uma deve tomar parte activa num dos grupos de trabalho diários de modo que as equipas possam rodar e tod@s no Ecotopia possam ter as mesmas possibilidades de trabalhar, participar nas oficinas e descansar. As pessoas voluntariam-se para ajudar nas várias tarefas, tais como apanhar lenha, recolher água para os duches, escavar fossas para os sanitários, limpar, etc. Para realmente saberes o que é viver numa comunidade sustentável tenta realizar cada uma das tarefas pelo menos uma vez. Se vires algo que deva ser feito, fá-lo!

O Ecotopia funciona no sistema de ecotaxas, o que significa que cada um no Ecotopia paga pela comida o mesmo que pagaria no próprio país.

Ecotopia 2007 – As Migrações

As migrações não são algo novo. Desde sempre os povos deixavam os seu lares à procura de melhores condições de vida, tanto dentro como fora do seu país de origem. Mas hoje em dia tem-se vindo a tornar num tema cada vez mais sensível para os governos e para a sociedade em geral.


A globalização económica e a industrialização deram um novo “empurrão” à migração global. Uma vez que o modelo económico no qual vivemos exacerba as desigualdades entre nações, e coloca em risco as condições sociais e ambientais de muitos povos, a migração para muitos torna-se não numa escolha, mas numa necessidade. Temas como refugiados, fronteiras, ilegalidade, trabalho precário, êxodo rural, desertificação, racismo e muitos outros cada vez mais vêm à tona.


Na edição do Ecotopia de 2007 gostaríamos de focar o tema das migrações humanas, reflectindo nas suas causas, assim como no efeito e na reacção que provoca na sociedade e nas políticas governamentais, de diferentes perspectivas:

-Justiça ambiental e as deslocações ambientais causadas por razões humanas como a desflorestação, desertificação e seca, plantações (eucaliptos, agrocombustíveis, sumideiros de carbono) e alterações climáticas;

-Justiça social, abordando temas como a discriminação e ilegalidade, e salientando contradições como Globalização Versus migração ilegal, e a lógica do “bom emigrante” (socialmente aceite, turista proveniente de países ricos) Versus “mau emigrante” (que sofre discriminação, proveniente de países pobres).

-Reflexão sobre a influência da globalização económica neoliberal em ambos os casos anteriores.

17.5.07

FEIRA DA TROCA \\20\05\07_domingo

Trocar de roupa é a sugestão da Feira da Troca que continua a acontecer ao 3º domingo de cada mês a partir das 17H00 no parque infantil (perto do Rianço) em Messejana.

10.5.07

Folheto - "Contra o fascismo, Contra o capital"

Folheto sobre a repressão polícial no 25 de Abril de 2007, contendo os textos "25 de Abril", "comunicado sobre a manifestação antiautoritária contra o fascismo e contra o capital" e fotos da manifestação.


http://portugal.indymedia.org/ler.php?numero=128823&cidade=1

7.5.07

Sábado 26 - "Ghost Mice" no Club

Ghost Mice é uma banda folk-punk formada por dois integrantes vinda de Bloomington, EUA. Ghost Mice foi criado das cinzas da banda pop-punk anterior Operation: Cliff Clavin. Chris Johnston (mais conhecido como Chris Clavin) e Hannah, que tocavam guitarra e baixo respectivamente, decidiram fazer a produção acústica assim podendo viajar mais e tocar mais facilmente em quase todos os lugares.
Nas suas próprias palavras: "Nós tocamos 100% acústico. Nós nunca usamos amplificadores ou microfones (exceto uma vez no Plan-It-X Fest). Temos tocado juntos em bandas por cerca de 7 anos. Nós começamos o Ghost Mice em 2002 porque nós estávamos cansados de ser restritos. Nós estávamos cansados de ter que viajar em grandes vans e depender de amplificadores, sistemas PA e eletricidade. Com o Ghost Mice nós podemos viajar com pouca coisa e quase nada pra tocar. A gente toca frequentemente em quintais ou em esquinas de grande centros. Nós viajamos pelos EUA várias vezes e pela Europa (Alemanha, Países Baixos, Dinamarca, Áustria, França, Espanha, Bélgica, Inglaterra, País de Gales, Escócia, e Irlanda) a pé. Nós pedimos carona e pegamos trem para todos os nossos shows. Isso foi engraçado e bem libertador. Nós cantamos uma mistura de letras políticas e pessoais, somos anarquistas, dedicados ao faça-você-mesmo e à luta de fazer do mundo um lugar melhor. Nós tocamos música e viajamos por diversão e para conhecer novas pessoas. Música significa nossas vidas. Nós amamos viajar. Somos legais e um pouco tímidos."


Hannah deixou seu baixo a favor de um violino. As letras do Ghost Mice envolvem na maioria das vezes ter uma percepção positiva na vida; andar de bicicleta, comer comida saudável, amar, e ser punk são todos os tópicos cantados nas suas músicas. O slogan do Ghost Mice, "Punk as Folk" (algo como "Punk como o Povo"), é uma forma fantástica de descrever suas músicas, letras, e tudo que é Ghost Mice.
Materiais do Ghost Mice estão disponíveis através da gravadora do Chris Johnston, Plan-It-X Records ou através dos respectivos selos que os lançaram.

30.4.07

Concerto OI POLLOI é no Sábado


23.4.07

Convocatórias MANIF 25 de Abril Anti Autoritário


«Quando se prepara um novo Estatuto do Jornalista que prevê penas disciplinares para quem desagradar à Comissão de Carteira (exactamente a solução de HITLER) e estabelece regras de uma absoluta arbitrariedade.

Quando partidos de extrema-direita (digo extrema nojeira) colocam nas ruas outdoors racistas e xenófobos.

Quando a precariedade laboral obriga a uma politica do come e cala (não reclames nada se queres ver o contacto renovado).

Quando "NAZIONALISTAS" de toda a Europa se reúnem, festejam e manifestam mesmo à nossa porta.

Quando a banca e seguros apresentam lucros "MILIONÁRIOS" enquanto fabricas fecham colocando milhares de trabalhadores no olho da rua.

Quando valores como LIBERDADE e IGUALDADE são postos na gaveta como se fossem uma camisa que passou de moda.

Chega a altura de grita basta! Chega a altura de mostrar que ainda há cidadãos autónomos que valorizam a LIBERDADE e que são capazes de se organizar sempre que necessário sem o apoio do estado ou de qualquer partido!

Dia 25 de Abril às 18:00h vamos todos unir a voz na Praça da Figueira, para que até o maior português de sempre a possa ouvir debaixo das terras de Santa Comba Dão!»


«Vivemos dias negros do pior que o capitalismo tem para nos oferecer:
- Desemprego
- Precariedade laboral
- Perca de direitos dos trabalhadores
- Extrema direita
Após a derrocada do papão vermelho dos países “comunistas” aquilo que se pensava ser um dado adquirido, o Estado Previdência, começou a ceder ao grande capital. Sem o medo do crescimento dos partidos comunistas na Europa Ocidental começa a ofensiva a tudo aquilo que se pensava ser um direito democrático, a saber, direitos à saúde, ao trabalho (e reforma, subsídios) à justiça, educação, entre outros. Derrotado o inimigo vermelho, vê-se bem agora qual a verdadeira faceta da democracia, quem lucra com ela e quem ela dá espaço de manobra para nos amedrontar.
As reformas fiscais ficam-se por uma classe média cada vez mais pobre, enquanto as grandes empresas, sustentáculo deste circo, permanecem intocáveis. O novo código de trabalho, a reforma da função pública, o aumento do custo de vida, o desemprego e a precariedade laboral criam na sociedade um clima de medo e de suspeição. Sócrates, mestre na arte da manipulação mediática é especialista na velha divisa do “dividir para reinar”.
A culpa é atribuída à vez, aos professores, à função pública, à “crise mundial”, aos governos anteriores, etc. Convertem-se direitos em “regalias”, acabam-se as reformas, pretende-se que se trabalhe até aos 65 anos. O emprego estável acabou, a nós espera-nos uma vida de ansiedade sem saber bem qual vai ser o dia de amanhã sempre com o espectro do despedimento. É isto o capitalismo, é isto a democracia.
Explora-se a bom ritmo portugueses e emigrantes que só são bons enquanto estão ilegais visto que não se pretende enquadrar na sociedade essa mão de obra escrava que abunda por aqui.
Legaliza-se um partido nazi que nem 5 mil assinaturas reuniu para se formar, comprando o PRD e transformando-o em PNR. Esse partido nazi é legal e concorre para eleições. Isto enquanto casas okupadas são desalojadas por Portugal inteiro. A impunidade nazi cresce, os carecas que estavam presos (implicados na morte do africano Alcino Monteiro) já estão cá fora e muito contribuem para o crescimento do PNR e suas estruturas. A polícia, cúmplice ou pura e simplesmente incompetente fica impávida e serena a ver palhaços a exibirem armas (para as quais têm porte de arma legal cedido pela PSP).
As ameaças, as agressões nas ruas de Lisboa e subúrbios, as manifestações nazis e o seu folclore medieval tornam-se habituais. A propaganda fascista é legal e cresce em faculdades, escolas secundárias e outros espaços públicos. Zonas de divertimento nocturno como o bairro alto ou o cais do sodré estão infestadas de nazi-skins. Bares/discotecas como o tocsin ou o Disorder (sobretudo o Disorder, quase só exclusivamente frequentado por esta escumalha), são espaços onde se pode ver saudações nazis, agressões nas imediações, músicas de bandas com conteúdos racistas/xenófobos (inclusive discursos do tio Adolfo).Somos pela liberdade de expressão a quem a respeite, não a esses merdas, agiotas da miséria alheia, procurando através da sua demagogia primitiva culpar o “preto” ou o emigrante pela situação actual do país.
A culpa é do sistema capitalista, não das pessoas exploradas pelo mesmo. Os nazi-skins não passam de marionetas do capital, tropa de choque de exploradores de sentimentos decorrentes da miséria. São os IURD´S dos putos como a IURD é para as velhas.Terroristas que vivem do tráfico de armas e de droga. Terroristas que não hesitam em aterrorizar e perseguir os seus próprios camaradas que abrem os olhos e querem sair da cena nazi. Traidores como eles lhes chamam. Não é por acaso que se suicidam tantos.
No dia 25 de Abril participa na manifestação ANTI-AUTORITÁRIA contra o CAPITALISMO E O FASCISMO às 18:00 na Praça da Figueira.
Contra o sistema que para favorecer sempre os mesmos arrasta os outros à miséria,
Resistência! Apoio mútuo! Acção directa!Grupos Autónomos Anarquistas»

20.4.07

Sexta 27 Lançamento COICE DE MULA nº8



Próxima Sexta-Feira dia 27 de Abril pelas 21.00 lançamento do COICE de MULA nº8, seguido de conversa sobre o mesmo, seus propósitos e afins...

Como sempre esperamos por todos/as no Club Aljustrelense numa iniciativa CCA Gonçalves Correia.

Contacto CdM: jornal_coice_de_mula@hotmail.com

13.4.07

Este Sábado


10.4.07

Manifestação Anti Autoritária 25 de Abril Lisboa


Convocatória para uma manifestação anti autoritária,
Contra o Capitalismo, Contra o Fascismo

…/ Dia 25 de Abril, pelas 18 horas apelamos à participação activa num acto de resistência à farsa Nazionalista, que terá início na Praça da Figueira, depois da manifestação do 25 de Abril ter terminado.

Acreditamos que a impunidade e o à vontade com que os vários grupos “nazis” “fascistas” ou ditos “nacionalistas” agem tem de ser combatida aqui e agora, e sabemos que esse não é nem será nunca a tarefa de qualquer polícia ou instituição estatal, pelas suas afinidades e cumplicidades. A nossa denúncia é popular, não judicial.

Como tal, acreditamos que devemos exercer e expandir a autodefesa contra qualquer tipo de agressão por parte desses grupos que fazem o trabalho sujo que os capitalistas não querem fazer. Mas não nos esquecemos que quem financia tais grupos, quem os chama sempre que é preciso amedrontar os oprimidos, são os mesmos que controlam a economia, os estados e semearam a divisão, a desconfiança, a miséria e mantêm-nos presos no nosso medo, divididos nas nossas lutas, e “condenados” à derrota.

E è contra esses que dirigimos a nossa luta, ontem, hoje e enquanto existirem.

Esta manifestação, que é proposta por grupos libertários e autónomos, è aberta à participação de todas as pessoas e ideias que, de uma forma não partidária, desejam expressar a sua revolta e determinação, numa manifestação popular e unitária.

Queremos deixar bem claro que somos e seremos capazes de nos organizar para agir e reagir sempre que necessário. Desejamos que a manifestação seja uma prova de força e determinação, chegando até ao seu final sem problemas nem distúrbios. Mas nunca renunciaremos ao nosso direito de autodefesa.

Sabemos que ninguém é invencível, nenhum império, nenhum estado, nenhuma força de repressão, mas também sabemos que nada cai por si só.

Participemos todos na manifestação, activamente; os dias não estão para divisões, nem para apatia.

Dia 25 de Abril, unidos e organizados sem partidos nem estado. …/

Feira da Troca no Domingo (dia 15)

Continua o Trocal em Messejana. Aparece à tarde pelo parque infantil. Este domingo, a partir das 14h. se chover será no pavilhão...
e um novo blog:
http://www.reallifelog.com/trocar/
são convidados!
até lá

6.4.07

Debate: “Comunicação e união no movimento libertário”


Aljustrel - 14 de Abril 2007 - 17 horas

O Centro de Cultura Libertária vai organizar um encontro-debate que tem como objectivo reflectir sobre “Comunicação e união no movimento libertário”. O local da discussão será o Centro de Cultura Anarquista Gonçalves Correia em Aljustrel, no dia 14 de Abril, pelas 17 horas. Com esta iniciativa pretendemos discutir problemas que pensamos afectarem o “movimento” libertário, nomeadamente a falta de informação e colaboração entre grupos. Temos algumas propostas a fazer, na tentativa de criar possibilidades de comunicação e união na acção, esperando que outras se venham juntar às nossas.
Para além do debate, contem com jantar e outras actividades criativas: sessão de poesia, finalmente, concerto de Disastro Sapiens.
Apareçam que é importante, contamos com a vossa presença.
Saudações libertárias!

Centro de Cultura Libertária
E-mail: ateneu2000@yahoo.com
Site: http://ccl.yoll.net
Endereço postal: Apartado 40 / 2800-801 Almada (Portugal)
Sede: Rua Cândido do Reis, 121, 1º Dto - Cacilhas - Almada

3.4.07

Actividades de Abril

Começa na próxima sexta (dia 6) com a tour ruido na fossa a passar pelo Club com os DISGRAÇA e HABEMUS KAOS de espanha...
Uma semana depois - Sábado dia 14 - temos concerto com DISASTRO SAPIENS e FOCOLITUS que culminam a actividade benefitt para o Centro de Cultura Libertária de Almada. Antes o tema da conversa que se quer proveitosa é "comunicação e união no movimento libertário", e haverá janta vegetariana pelo meio
Para o final do mês finalmente o lançamento do último número da publicação Coice de Mula (9), a motivar uma conversa e podendo proporcionar-se a passagem ainda de algum vídeo...
e Maio vai começar em grande com OI POLLOI e VIOLÊNCIA VIOLETA dia 5 Maio, desta feita no Sindicato Mineiro... antes e pela tarde o anarko punk vai aquecendo com Conversas e Exposições pelo Clube Aljustrelense

Os detalhes vão sendo actualizados por aqui.

Oi Polloi em MAIO antiauTOURidade: http://antiautouridade.blogspot.com/


23.3.07

A 14 de Abril..

No próximo dia 14 de Abril o Centro de Cultura Libertária de Almada irá promover em Aljustrel, no Club Aljustrelense em colaboração com o CCA, uma conversa em torno de "Comunicação e união no movimento libertário".

Da nossa parte notamos que o assunto surge da urgência e vitalidade que alguns colectivos e indíviduos tem procurado chamar a atenção ao que (por falta de outras palavras) designariamos de movimento libertário. Sem demais pretensiosimos, tal como outros debates e troca de ideias que já tiveram lugar como foi exemplo a "sessão inaugural" do CCA em Aljustrel sobre "espaços autogestionados..." (ver arquivo blog Setembro).

Após a conversa haverá janta e outras actividades a anunciar em breve, tal como outros detalhes para a conversa desse dia.

Centro de Cultura Libertária:
ateneu2000@yahoo.com

22.3.07

Notas sobre as atividades de denúncia da guerra na Tchetchênia em Portugal e Espanha

blog sobre a guerra na Chechênia e os movimentos de resistência a este conflito: www.chechenialivre.blogspot.com

Notas sobre as atividades de denúncia da guerra na Tchetchênia em Portugal e Espanha

Entre os dias 15 de fevereiro e 03 de março foram realizadas uma série de atividades de denúncia da guerra na Tchetchênia em Portugal e Espanha: conversas, debates, exibição de filmes e fotos relacionados a um dos conflitos mais intensos e silenciados na atualidade. Enquanto a invasão do Iraque e o genocídio de seu povo é televisionado e noticiado para o mundo, a guerra na Tchetchênia escapa aos documentaristas e aos jornalistas – mesmo porque as estratégias de terrorismo de Estado em curso na Rússia impossibilitam os poucos trabalhos e as poucas vozes dissonantes possíveis neste momento. Dessa maneira procuramos alguns centros de cultura social para compartilhar as informações sobre a guerra na Tchetchênia – informações sintetizadas na publicação “Terrorismo de Estado na Rússia: a guerra na Tchetchênia nos descaminhos da indústria da violência”, organizada a partir da Ação Literária pela Autodeterminação dos Povos, e que resultou de longas pesquisas, ações e vivências na Rússia com movimentos anti-militaristas e ativistas ligados à defesa dos direitos humanos na Tchetchênia. Tanto em Sevilha e Málaga (Espanha), como nas cidades do Porto, Aljustrel e Lisboa (Portugal), encontramos movimentos e coletivos que nos receberam com comovente solidariedade – e que demonstraram a viabilidade prática e cotidiana dos princípios de autoorganização, ação direta e luta anti-capitalista na ocasião dos encontros, nos debates e na hospitalidade. Os frutos desses encontros não colheremos neste momento, até porque o tema da guerra na Tchetchênia foi abordado sempre de maneira ampla. Procuramos estimular outras temáticas, trocar materiais e publicações diversas, dinamizar os espaços de luta social e semear futuras ações e intervenções. Assim, agradecemos a todos pelo auxílio e pela possibilidade de realização destas atividades, e esperamos até o mês de agosto realizar outras intervenções que possam celebrar a vida e a resistência nas terras do norte.

Mais Notas e textos em
e ainda em

21.3.07

Concerto dia 6 de Abril

As actividades desse mês dias 14; 24; 28 e 5 de Maio serão em breve anunciadas...

7.3.07

Concerto dia 16


23.2.07

Folheto "O Terrorismo de Estado na Rússia..."

Hoje no Clube Aljustrelense, amanhã e domingo na Casa Viva no Porto e no fim de semana de 2 e 3 de Março na BOESG em Lisboa

Folheto em:

http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=114802&cidade=1

19.2.07

Esta Sexta Feira: Apoio ao povo Tchetcheno

DIA 23 de Fevereiro (21.00)
Conversa sobre “O Terrorismo de Estado na Rússia. A Guerra na Tchetchénia”

No dia 23 de fevereiro recorda-se a data de deportação de tchetchenos e outros povos em 1944, e corresponde a um dia de acções em apoio ao povo Tchetcheno em diversos países da Europa (França, Alemanha).


Cristina Dunaeva e Fernando Bonfim, assinando pela Ação Literária pela Autodeterminação dos Povos, são autores do livro “O Terrorismo de Estado na Rússia: a guerra na Tchetchênia nos descaminhos da industria da violência” (ed. Achiamé, Rio de Janeiro 2006). Fruto de trabalho de dois anos, procuraram contribuir com as lutas de movimentos pela autodeterminação do povo tchetcheno e de resistência à xenofobia, racismo e limpeza étnica no território da ex-URSS. O foco principal da publicação é o conflito dessa pequena républica situada na região a norte das montanhas do Cáucaso, iniciado em 1994 com a invasão do território pelo exército da Federão Russa. Há dois séculos que os tchetchenos são chamados de terroristas, ora pelos dirigentes do Partido Comunista da URSS, e agora por Putin e seus demais. Mas quem é terrorista nesta História? Quem utiliza a retórica do terrorismo nos dias de hoje e com quais objectivos? Quais os interesses comuns entre os governantes de Estados e os Empresários ligados à industria transnacional da violência?

Antecipando a conversa fica um pequeno artigo introdutório ao tema...

Imperialismo russo e a guerra na Tchetchênia:
os descaminhos da indústria da violência

Convidada pela Federação Internacional de Direitos Humanos para o IV Fórum Social Mundial, Lida Iussupova procura incansavelmente denunciar um dos mais graves genocídios contemporâneos: o extermínio generalizado e o terror militar causado pela guerra na Tchetchênia. Representante da ONG Memorial na cidade de Grozny, capital da Tchetchênia, Lida recebeu em abril de 1994 o prêmio Martin Ennals Award for Human Rights Defenders por sua luta em defesa dos direitos humanos.
Antes de retornar para Grozny, Lida (...) nos relatou as atuais condições de vida dos tchetchenos, a história das guerras, a resistência de seu povo contra a violenta ditadura do Estado soviético e, atualmente, contra os crimes de guerra das tropas militares russas.
Os povos das montanhas do Cáucaso Setentrional – tchetchenos, inguches, ossetas, kabardinos, balkaros, karatchai, tcherkesse e outros – sempre representaram entraves para as tentativas imperialistas euro-asiáticas: resistiram aos impérios tártaro-mongol, turco-otomano, russo e soviético. A geografia auxilia nas estratégias de resistência. A região montanhosa dificulta o acesso para as tropas dos invasores, enquanto as formas seculares de auto-subsistência das comunidades tradicionais colaboram para a sobrevivência.
Pastores nômades e agricultores, estes povos organizavam-se através de conselhos das comunidades e foram vistos como bárbaros e “atrasados” não só pelo Império Russo que tentou dominá-los durante longa e sangrenta Guerra do Cáucaso (1817-1864), mas também pelos dirigentes da União Soviética que se opuseram à criação de uma República Autônoma dos Montanheses, logo após a revolução de 1917.
Com a desintegração da URSS, a Tchetchênia novamente proclama a independência. Mas o poder imperial somente trocou de nome porque, em 1994, as tropas russas invadem a Tchetchênia. Começa a guerra, que dura até hoje – vitimando mais de 300 000 pessoas e fazendo cerca de 500 000 refugiados.

Comunidades tradicionais na Tchetchênia

A estrutura social das comunidades tradicionais na região da Tchetchênia e do Cáucaso Setentrional é formada por teipes. As teipes podem ser compostas por diversas famílias e, além disso, aceitam outros agregados em sua composição social, provindos de outras regiões.
As teipes são constituídas por uma vila ou por um conjunto de vilas. Todas as questões cotidianas referentes aos seus habitantes são decididas nos conselhos, compostos pelos anciãos das teipes e, em alguns casos específicos, por outros representantes da comunidade. O Conselho dos conselhos legisla sobre questões que envolvem o coletivo das teipes. Forma-se, ainda, o Conselho Maior, congregando todos os povos das montanhas.
A estrutura horizontal, participativa e representativa dos povos das montanhas se contrapunha às tentativas de estabelecimento de um Estado ou outras formas de hierarquização institucional. No caso de guerra, escolhe-se um líder, a quem todos os habitantes juram lealdade militar. A terra, as águas e os bosques pertencem aos habitantes das vilas. As tarefas de subsistência são realizadas pela própria comunidade, baseadas essencialmente na plantação de batata, milho e trigo, além das atividades pastoris. Pelas torres de pedra, a segurança da comunidade se faz através de atenta observação do território.

O Estado na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS):
militarização, repressão e russificação

Após a criação da URSS, o processo de russificação e militarização no continente foi abrupto e violento. Abrupto por interromper e subjugar povos e comunidades que, por séculos, desenvolviam suas diversas formas de auto-governos. Em poucos anos, esse exercício de autonomia social foi substituído pela heteronomia estatal soviética (tal processo não fora exclusividade das ações do PC Soviético: em outros continentes, a formação e o desenvolvimento do Estado-nação caracterizou-se, essencialmente, pela usurpação das habilidades de auto-governo de comunidades tradicionais). Violento porque tais comunidades, descentralizadas e espalhadas pelo planeta, experimentaram a força dos modernos mecanismos de repressão militar combinados com a força de persuasão dos modernos mecanismos de propaganda e marketing. A sobrevivência do modo de vida comunitário autônomo fora encurralado. Assim, para compreendermos os conflitos atuais na Rússia provenientes da desintegração da URSS – como a guerra na Tchetchênia – percebemos que o processo de russificação, militarização e repressão constituiu a base das violações dos direitos humanos cometidos na época do governo imperialista da URSS.
A dominação pelo Estado das atividades comunitárias essenciais ao auto-governo social, tradicionalmente exercidas pela própria comunidade e núcleos familiares, se materializou através do surgimento de especialistas: estes passaram a apontar a melhor maneira para administrar a sociedade, gerir a economia, educar, remediar pequenas enfermidades, fazer sexo, lavar roupas, praticar esportes, parir crianças e enterrar os mortos. Indicam também a música da moda, explicam os motivos das grandes guerras e das catástrofes humanas, enfim, retiram de nós próprios as habilidades humanas de agir e emitir opiniões sobre nossas vidas. Aos especialistas do Estado é repassada a incumbência de gestão social. E a especialização da gestão social, por sua vez, nada mais é do que a radicalização da divisão do trabalho, processo capitalista iniciado com a Revolução Industrial, na Inglaterra, e globalizado através das grandes empresas transnacionais, na atualidade.
No caso do Estado soviético, a divisão do trabalho configurou-se na formação de uma classe social de gestores (dirigentes), empenhados em submeter a classe trabalhadora de camponeses e operários à nova ordem dita comunista. A operacionalização e implementação social dos mecanismos de lealdade aos dirigentes foram criados logo a partir das primeiras medidas de Lenin, principalmente na concepção da vetchka (ВЧК – Comissão Excepcional Superior, futura KGB) – os administradores, policiais e funcionários do Partido cuidavam para que toda e qualquer deslealdade significasse ato contra-revolucionário. No que se refere ao papel dos professores, estes já contavam inicialmente com amplo apoio do aparato estatal para universalizar o ensino obrigatório do idioma russo em todas as regiões da União Soviética. A nova ordem bolchevique procurava uniformizar, disciplinar e controlar a totalidade de centenas de povos que habitavam o extenso continente euro-asiático.
Os conflitos decorrentes desse processo, acentuados pela morte de milhões de pessoas com as repressões stalinistas (como a deportação de tchetchenos ordenada em 1944), são a origem das recentes guerras travadas entre o governo russo e os povos de ex-repúblicas soviéticas em torno da questão da autonomia política.

Atuais condições sociais na Tchetchênia

A infra-estrutura urbana da Tchetchênia foi destruída com a guerra. O sistema de canalização, os elevadores e a calefação nos prédios praticamente não funcionam. A população procura comprar água trazida de outros lugares. A eletrificação é reconstruída lentamente, improvisada em perigosas ligações clandestinas. As condições sanitárias estão em colapso. Apenas as avenidas centrais recebem limpeza adequada, enquanto nos demais locais acumula-se toneladas de lixo. No mercado central, ao lado das montanhas de entulho e outros detritos, comercializa-se carnes, verduras e frutas. O desemprego leva a população ao trabalho informal. Sem qualquer documentação, os trabalhadores são coagidos a pagar propina para a administração dos mercados. Além disso, são frequentemente assaltados por grupos armados e uniformizados.
O negócio mais lucrativo é a extração e refinação de condensador, atividade perigosa e extremamente prejudicial à saúde, assim como a coleta de metais e outros materiais nas fábricas abandonadas. Os coletores frequentemente se explodem com minas. O sistema de saúde é caótico. Além do tratamento dos feridos e enfermos, as crianças precisam de sério acompanhamento para reabilitação psicológica, pois muitas vezes permanecem longo período escondidas nos porões, sem alimentação adequada. A falta de vagas para as crianças nas escolas é permanente. Não há condições adequadas para o ensino, nem instalações para os estudos, nem sequer materiais escolares.
Dessa maneira, o resultado das recentes ações das tropas militares russas durante a guerra na Tchetchênia é a destruição da possibilidade de auto-governo comunitário naquela região, e o controle territorial da população na formação de guetos nas cidades, nas vilas rurais e nos campos de refugiados.

Refugiados

A situação de vida insustentável nas grandes cidades leva milhares de pessoas a fugir para as áreas rurais ou para os campos de refugiados, nas repúblicas vizinhas. Estas alternativas não amenizam os problemas, pois as vilas rurais são constantemente alvo das operações de limpamentos (bombardeios generalizados) pelas tropas russas, enquanto a precariedade e a instabilidade da vida nos campos de refugiados não possibilita qualquer esperança para os tchetchenos. Alguns arriscam um novo destino nos grandes centros urbanos da Rússia – como Moscou ou São Petersburgo – encontrando xenofobia, preconceito e repressão da polícia: são eternos suspeitos de terrorismo.

Política do medo cotidiano e a dinamização da indústria da violência

Mas a política de medo cotidiano não é novidade para a população russa, que já enfrentara outrora a paranóia do poder repressivo stalinista, as deportações e assassinatos em massa, a cultura de delatação de inocentes instaurada pelo PC soviético. A diferença é a mudança do alvo desta política de medo cotidiano. Se antes os agentes e espiões do livre mercado capitalista eram os inimigos, hoje as minorias étnicas parecem ser as responsáveis por toda a pobreza e falta de perspectiva na sociedade contemporânea russa: é necessário vigiá-las, julgá-las, caracterizá-las como potenciais suspeitos. Nesse sentido, a desigualdade social é camuflada pela diferença étnica.
Implementada globalmente em nosso planeta após os atentados políticos em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, a política de medo cotidiano tem dinamizado diversos segmentos econômicos ligados à indústria da violência. O fluxo de movimentação financeira proveniente da ampla cadeia produtiva desenvolvida através dessa indústria – produção de armamentos, serviços de “defesa” e segurança, soldados mercenários, financiamento de redes e atentados terroristas, diversificada produção cinematográfica e midiática, etc – representa o mais fundamental segmento da economia capitalista na atualidade.
As vantagens e promoções de produtos militares oferecidos pela Federação Russa atraem um amplo e diversificado leque de consumidores – desde o Brasil (negociações para a aquisição de caça-aviões Sukhoi), ou mesmo o governo venezuelano de Hugo Chavez, até o Estado de Israel. Dessa maneira, a guerra na Tchetchênia e suas implicações nas recentes formas de vigilância e controle da sociedade russa têm dinamizado os segmentos econômicos da indústria da violência naquele continente e, até mesmo, na América do Sul. E assim movimenta-se toda a cadeia produtiva da guerra.

14.2.07

Concerto dia 21 (próxima quarta-feira)


8.2.07

Programa do Teatro este SÁBADO



7.2.07

Conversa dia 23 Fevereiro (sexta-feira): O Terrorismo de Estado na Rússia...

DIA 23 de Fevereiro (21.00)
Conversa sobre “O Terrorismo de Estado na Rússia. A Guerra na Tchetchénia”

Cristina Dunaeva e Fernando Bonfim (Brasil) vem falar sobre terrores escondidos que sucedem cada dia que passa. De regresso da Rússia, Cristina Dunaeva aproveita a ocasião para falar junto com Fernando Bonfim, da Guerra na Tchetchénia e da luta anti-militarista na Rússia.

Cristina Dunaeva e Fernando Bonfim, assinando pela Ação Literária pela Autodeterminação dos Povos, são autores do livro “O Terrorismo de Estado na Rússia: a guerra na Tchetchênia nos descaminhos da industria da violência” (ed. Achiamé, Rio de Janeiro 2006. Disponível na Livraria Letra Livre em Lisboa http://www.letralivre.com/).

Fruto de trabalho de dois anos, procuraram contribuir com as lutas de movimentos pela autodeterminação do povo tchetcheno e de resistência à xenofobia, racismo e limpeza étnica no território da ex-URSS. O foco principal da publicação é o conflito dessa pequena républica situada na região a norte das montanhas do Cáucaso, iniciado em 1994 com a invasão do território pelo exército da Federação Russa. Há dois séculos que os tchetchenos são chamados de terroristas, ora pelos dirigentes do Partido Comunista da URSS, e agora por Putin e seus demais. Mas quem é terrorista nesta História? Quem utiliza a retórica do terrorismo nos dias de hoje e com quais objectivos? Quais os interesses comuns entre os governantes de Estados e os Empresários ligados à industria transnacional da violência?

Festa Reggae Dia 17... benefitt CCA


31.1.07

Cartaz de Actividades dias 10 e 17


Jacques Prévert T E A T R O no Club D I A 1 0


19.1.07

Actividades Fevereiro

(Em Janeiro ainda dia 20 Concerto, dia 21 TROCAL em Messejana)

Dia 3 de Fevereiro
Conversa sobre As questões do Aborto e Referendo
(16.30)

Oficinas e Ateliers Livres no Clube Aljustrelense
(organiza CCA)
Dia 10 de Fevereiro (16.00)
Olaria. Vem experimentar e aprender...
Dia 17 de Fevereiro (16.00)
Construção de máscaras
Segue-se janta vegetariana e noite reggae com DJ's do som relaxado...

No Clube mantêm-se ainda a oficina de serigrafia...

Outras actividades poderão surgir. Fica/a atento/a!!!

12.1.07

Entrevista ANA (Brasil)


Pensar o mundo. Pensar a nossa vida e lutar para que se transforme”

“Reside ainda hoje em Aljustrel uma memória de reivindicação que não surgiu unicamente das lutas laborais. Surgiu ligada à idéia de um novo mundo”, diz Samuel Melro, um dos impulsionadores do Centro de Cultura Anarquista Gonçalves Correia, na cidade rural de Aljustrel, em Portugal. Na entrevista a seguir, ele fala sobre este centro cultural, ecologia e um pouco do anarquismo em portugal.

Agência de Notícias Anarquistas > Tem tradição histórica o anarquismo em Ajustrel?

Samuel Melro < Sim. À semelhança de todo o movimento operário e social do início do século XX, também em Aljustrel o emancipar social e do movimento sindicalista esteve ligada às idéias libertárias. Aljustrel, no meio de um sul de Portugal rural e agrícola, constituía a par de S. Domingos e Lousal um centro mineiro. A grande exploração iniciada nos finais do séc. XIX marcou para sempre esta vila como vila mineira. Nunca mais o deixou de ser. A memória social das várias gerações até aos nossos dias é esboçada pela Mina, pelos bairros mineiros, pelas gerações de pais e de filhos que trabalharam na mina [e agora que pretendem retomar a sua laboração a isso aspiram]. Foi nesse âmbito, nas 3 primeiras décadas do século passado, que o anarco-sindicalismo da CGT naturalmente surge na crescente tomada de consciência social que se observava. Um processo guiado, sobretudo, mais do que pela ação deste ou daquele sindicalista [ainda que importantes], pela sociabilidade que estava na base da organização informal dos trabalhadores. É, sobretudo esse aspecto de “sociabilidade operária”, que Paulo Guimarães retrata nos estudos que fez sobre o movimento social de Aljustel [companheiro acadêmico, colaborador do jornal A Batalha], que caracterizava o anarquismo em Aljustrel. As greves de 1922, tendo resultando numa campanha de solidariedade nacional notável [por exemplo, os filhos dos grevistas eram enviados para famílias de acolhimento de companheiros anarco-sindicalistas em todo o país…], são geralmente apontadas como o grande exemplo desse período, ao qual podemos traçar afirmativamente a tradição histórica de que perguntas. Dos anos 30 para a frente, pela longa ditadura, o movimento de oposição resulta já dirigido pelo Partido Comunista que soube beber inicialmente na fonte anarquista a sua força de ação. Resumindo, reside ainda hoje em Aljustrel uma memória de reivindicação que não surgiu unicamente das lutas laborais. Surgiu ligada à idéia de um novo mundo [por exemplo, Aljustrel por outra via teve uma forte implantação e difusão do esperanto…] onde a solidariedade e a afinidade desempenharam papel fundamental numa perspectiva mais coletiva das aspirações das pessoas, coisa que findo o longo período de resistência se conseguiu esbater tremendamente em coisa de 30 anos após o 25 de Abril. Foi por respeito a esta memória [e à tradição que questionavas] que num texto de apresentação do CCA citamos uma afirmação de 1913 do Sindicato Mineiro em que diziam que, “se fossemos vaidosos enfileiraríamos ao lado dos políticos socialistas ou republicanos, campo aberto a todos os ambiciosos. Somos, porém, humildes porque somos operários, aspirando somente a juntar o nosso insignificante esforço aos dos que sinceramente lutam pela emancipação de todos os filhos do Trabalho. Temos pouca instrução, é certo, mas somos sinceros, sabendo apenas dizer o que sentimos, o que sofremos”. Cem anos depois, mantemos como ponto de partida o mesmo posicionamento.

ANA > E quais as atividades do Centro de Cultura Anarquista Gonçalves Correia? Desde quando vocês tocam este projeto?

Samuel < Sob essa designação, apenas desde setembro deste ano. Porém nada seria possível senão fosse o anarko punk ter entrado pelas cabeças adentro de uma série de malta em Aljustrel e Ferreira do Alentejo. Na primeira vila obrigatoriamente falando da banda Dissidentes do Projeto Estatal, alma punk da terra que, por exemplo, veio a gerar algumas fanzines, como a Saltareguinga que persiste e resiste ainda hoje… Estes vêem a cruzar-se com outros revoltados em Ferreira do Alentejo [hoje com a banda Disgraça] a quem se deve a iniciativa de em 2003 fundarem aí uma associação libertária, que conseguiu reunir e juntar uma série de companheiros que andavam dispersos pela zona. Aí por exemplo entro eu de forma mais regular. Porém a perca do espaço físico onde fazíamos as nossas atividades levou à sua estagnação. Como já havíamos previsto o espaço de encontro passou a concentrar-se em Aljustrel, onde o Anarko Punk se mantinha vivo numa série de concertos numa sala do Sindicato Mineiro e desde há um ano para cá no Clube Aljustrelense. Acabamos todos por vir ir a dinamizar esse espaço recreativo – verdade seja dita parece-me que é o único, ou dos poucos [visto que acabou a Zaragata em Setúbal], espaços que mantêm o verdadeiro espírito anarko punk por estes lados.
Fazemos questão, porém em separar as águas. Isto é, por um lado está o Clube Aljustrelense [sociedade recreativa que por uma ironia fenomenal foi fundado há cem anos atrás pelos monárquicos, oligarcas e freqüentada pelos fascistas salazarentos, e hoje leva conosco em cima!] e por outro lado o CCA. No fundo somos o mesmo coletivo, vindo da associação de Ferreira, que agora arranjou um espaço onde colocar a sua biblioteca em formação [junto a uma sala de ensaios] e onde realizar as suas atividades. Os nossos objetivos, julgo que para já, não deixam de ser os mais simples, por necessidade de terem de ser os mais realistas. Em primeiro lugar construir ou consolidar a nossa afinidade interna, sem a qual nada poderemos esboçar com pés e cabeça daqui para a frente. Este processo faz-se paralelo à divulgação e promoção de uma série de iniciativas que visam a divulgação do ideal ácrata e de um sem números de pontos de contato com várias lutas sociais, ecológicas etc., e que obedecem a duas preocupações/objetivos constantes – e cientes a qualquer um de nós: em não nos fecharmos num clube, numa tribo, numa tertúlia ou no quer que seja, e ainda em conseguir que novas pessoas venham a formar parte do projeto e lhe dêem continuidade. Esta é de momento a nossa maior luta. Desafio acrescido, uma vez que, como não podia deixar de ser o Clube é visto por muita gente de Aljustrel como antro de drogados, pela diferença que o punk traz consigo. Mas conscientes disso, e sem abdicar da nossa “alma”, estamos certos que o caminho far-se-á em mostrar que a única droga verdadeira está na mente subjugada das pessoas que nos olham, sem querer reconhecer que em mais nenhum lugar das redondezas surgiu um grupo de jovens com uma idéia, essa sim esquisita aos olhos de hoje: pensar o mundo. Pensar a nossa vida e lutar para que se transforme.

ANA > Li alguma coisa sobre Gonçalves Correia, e parece que ele era vegetariano, não? Sabe dizer se houve experiências naturistas libertárias em Portugal, como colônias?

Samuel < Em primeiro lugar talvez seja importante referir porque assumimos um nome tão pomposo e à século passado como este de aportar o nome de uma personagem. Isso é tão simples quanto ao fato de se hoje falares com alguém de meia idade para cima, e sem que necessariamente tenha grande cultura política, nos vários conselhos do Baixo Alentejo, imediatamente estas reconhecerem a figura humana que foi António Gonçalves Correia [1886 – 1967]. Nenhum de nós o conheceu, mas a sua memória foi resgatada essencialmente por uma iniciativa da Câmara Municipal de Castro Verde [conselho vizinho de Aljustrel onde nasceu] no CD “No Paraíso Real” [testemunhos orais da “revolta e utopia no sul de Portugal”] e, sobretudo pela biografia da autoria de Alberto Franco “A Revolução é a Minha Namorada. Memória de António Gonçalves Correia, anarquista alentejano”. Foi como encontrar esse elo de ligação que nos permitia apresentar sem olhares de esguelha, esse parente afastado de quem podíamos finalmente falar e captar a atenção de um sem número de pessoas que nunca haviam feito a ligação entre o que nos unia… É fascinante falar de um caixeiro viajante que levou a sua vida num compromisso individual impar. Como um homem só tanta marca deixou. A sua “excentricidade” ainda hoje recordada passava pela sua faceta de vegetariano e tolstoiano, num ambiente das lutas sociais da primeira metade do século XX: as lutas anarco-sindicalistas das minas de Aljustrel ou São Domingos ou Lousal das lutas dos camponeses do Alto ao Baixo Alentejo. Agora convêm frisar que esse seu vegetarianismo, a luta dos direitos dos animais e do naturismo que tanto foram sua marca não são um caso isolado na época. Como saberás a par das idéias anarquistas movia-se e crescia o movimento naturista que também por aqui teve o seu percurso, mas infelizmente a sua história está ainda por ser posta cá fora. Digo cá fora, pois felizmente um companheiro [José Tavares] me referiu há uns tempos atrás que estava precisamente fazendo um historial e análise sobre essa matéria com vista a publicação, pelo que há que aguardar, podendo assim de forma completa se poder responder à tua questão se houve experiências naturistas libertárias em Portugal. Gonçalves Correia foi nesse campo fundador em dois momentos da sua vida de duas comunidades, sendo a Comuna da Luz, a que se situou na sua vivência alentejana. O importante de referir ainda hoje é o elo de ligação que essas comunas estabeleciam com o meio social e humano envolvente, coisa que, por exemplo, não acontece com a maioria das ditas comunidades alternativas que aparecem aqui ou ali nos nossos dias. E mais importante, acho eu, é exatamente esse ponto de ligação que o naturismo, o amor livre, o vegetarianismo etc., devia estabelecer com as demais questões sociais. Essa ligação é essencial e por isso o anarquismo se viu sempre unido a esses modos de vida. Hoje em dia esses modos de vida viraram modas de vidas…

ANA > Referente à ecologia, essa é uma discussão e luta recorrente no dia-a-dia de vocês? Há alguma luta específica que levam a cabo, por exemplo, contra instalações de centrais nucleares? Ou algo mais local na região onde moram?

Samuel < Não tem sido algo que nos apliquemos de forma constante, mas é verdade que acaba por ser necessariamente muito recorrente. Talvez nesse aspecto a faceta que tem sido alvo de maior insistência da nossa parte tem sido a luta e campanha sobre os organismos geneticamente modificados. Desde há uns anos para cá temos estado em contacto mais de perto com algum pessoal e companheiros que estão trabalhando e produzindo na agricultura biológica à nossa volta, e através deles fomos nos aproximando das campanhas de informação que tem sido promovidas pela Plataforma Transgênicos Fora do Prato, ou mais recentemente pela associação Colher Para Semear [rede Portuguesa de Variedades Tradicionais], que visa a salvaguarda das espécies de sementes autóctones. Temos feito, sobretudo sessões de divulgação e algum material de divulgação [http://pt.indymedia.org/cidades/c1/imgpublico/1160141717020a8faca3.pdf]. Numa altura em que se pretende lançar cada vez mais sementes geneticamente modificadas à terra, é preocupante a falta de informação sobre o que são estas novas plantas, que tanto dano irão trazer aos já frágeis sistemas produtivos da nossa região, à sua dependência ao sistema financeiro e a fatores de produção exteriores, como o sistema de patentes, as empresas que os produzem etc. São assustadores os riscos ambientais para todos nós. Para além desta questão vemos que com o CCA temos oportunidade de nos aproximar de muito mais gente que na região está desenvolvendo projetos e campanhas referentes de modos diversos à ecologia, como é o caso do Centro de Convergência, projeto levado a cabo pelo GAIA, grupo ecológico que se fixou recentemente aqui pela zona num projeto contra a desertificação [na sua componente natural e social] e que fez, com muito interesse nosso, uma ponte entre as questões de preservação ambiental e as questões de preservação dos laços sociais e culturais das comunidades.

ANA > Recentemente vocês organizaram uma atividade com o pessoal da “Tour informativa Anti-G8”, que acontecerá em junho de 2007, em Heiligendamm, Alemanha. Vocês pretendem ir até lá? O que estão programando?

Samuel < Essa sessão de informação aconteceu pela oportunidade de uma companheira da Alemanha incluir na sua tour Portugal [esteve também em Lisboa e Porto]. O nosso interesse era saber não apenas o que se está preparando, mas poder discutir um pouco toda as estratégias que hoje formam esses eventos anti-globalização. Reagir um pouco e questionar sobre o que se estão transformando estas ações desde Seattle, desde o final dos anos noventa. Como todos sabemos, esses eventos […Genova, Praga, Gotemburgo, Escócia o ano passado etc.] colocaram na agenda do dia de novo a critica ao capitalismo. Até aí, por efeito também da evolução do leste europeu, aqui na Europa, soava datado falar de anti-capitalismo nos meios comuns da mídia e, claro, na sociedade em geral. Hoje por força das forças que a anti-globalização moveu, despoletada sobretudo pelos Black Blocks [quer se queira ou não os motores dos protestos, e mesmo da visibilidade daqueles que os criticam] a crítica ao capitalismo está aí e com cada vez maior força. Agora para aonde a vamos levar? Não creio que a linguagem de Porto Alegre tenha dado a resposta ainda, pelo contrário… Do mesmo modo, questionamos se as contra-cúpulas não serão agora puro circo, agradável é certo, mas circo à mesma, e com cada vez maiores e elevados riscos [veja-se este último em São Petersburgo na Rússia] para os ativistas. Daí que a questão chave que em Aljustrel se levantou na conversa é a pertinência dessas ações grandes, versus a proliferação de ações mais localizadas e locais. A questão dura ainda e é certo que obviamente uma não anula necessariamente a outra. As cúpulas anti-G8, como a que vai suceder são sobretudo importantes campos de aprendizagem e fortalecimento de saber e poder trabalhar em Rede. Daí que com um ano de antecedência as coisas se vão preparando. Houve já um acampamento de verão e em fevereiro um encontro internacional na Polônia vai se seguir. Depois a plataforma de ação na Alemanha reúne diferentes setores, isto é da igreja aos anarquistas, entre um sem número já de iniciativas previstas e em preparação para Heiligendendamn [e que não se resumirão a esses dias]. Para saber delas o melhor é ver nos sites de coordenação da luta. Na seqüência do debate fizemos um pequeno folheto [Informa e Resiste nº1] sobre o assunto com alguma informação relevante e contatos que podes ter acesso pelo nosso blog [goncalvescorreia.blogspot.com].

ANA > E como vai o anarquismo em Portugal?

Samuel < Pergunta óbvia, mas infelizmente ainda incomoda em responder. Quando por um lado temos um cenário cada vez mais favorável às idéias anarquistas, ou visto por outro lado, uma altura que por força da violência dos estados, do capital e desta sociedade veio a demonstrar cada vez mais a pertinência da crítica e da luta anarquista, a resposta lamento não é muito animadora. Há dois anos atrás houve ocasião de se fazer um balanço da situação com a promoção, já em si atribulada, da Conferência Libertária em Setúbal, que pretendeu juntar um grande número de grupos e indivíduos. O encontro aconteceu e com bastante participação, mas descambou num confronto de egos e protagonismos que, sobretudo confirmou a desilusão em muita gente. Pelo que uma conclusão chave foi a necessidade de se constituírem afinidades mais solidamente. Esse processo está em curso lentamente, e iniciativas como a Caixa de Resistência Anarquista ou a maior colaboração entre espaços libertários apontam, assim espero, nesse sentido. A todos pesa, porém a necessidade de se poder alcançar uma maior organização, pelo que a meta não caiu. Por enquanto no balanço geral, a atividade anarquista resulta ainda movida por um círculo reduzido, embora claramente com campo para crescer. Onde estou, vejo possibilidades para isso, espero que em Lisboa, Porto e noutros grandes locais, o mesmo venha a acontecer…

ANA > “Caixa de Resistência Anarquista”? Exatamente qual é o objetivo desta iniciativa?

Samuel < A CRA surgiu há cerca de um, dois anos atrás pela tal intenção de aproximação e colaboração de alguns grupos anarquistas depois da Conferência Libertária em Setúbal. A idéia surgiu em juntar não apenas as vontades, mas os esforços e o vil metal, de forma a poder pagar e conseguir pôr cá fora muitas daquelas idéias que não passam disso mesmo, porque falta o suporte financeiro. Como resultado disso foram já feitos alguns milhares de autocolantes diversos e um cartaz genérico de propaganda anarquista, sempre remetendo para um blog que redireciona o interessado para os vários grupos. O projeto reúne assim de momento já em afinidade alguns grupos, entre os quais nós, e prevemos que o mesmo se venha a alargar no futuro. Para além de querer garantir o financiamento maldito, onde cada grupo aporta os seus donativos através do ganho de edições conjuntas, de concertos, jantares etc., a idéia é também ter um fundo que possa vir a servir [como já o fez para o caso do António Ferreira de Jesus] para custas judiciais quando a situação e a repressão apertam.

ANA > António Ferreira é aquele preso anarquista?

Samuel < Sim, e muito facilmente se diz exatamente que é o “último preso político” ou “anarquista” nos cárceres portuguesas. Porém julgo que essa perspectiva não só é demasiado redutora para com o próprio António, como é extremamente redutora para a perspectiva que ele tem e nós partilhamos acerca do sistema penal e prisional. A nossa perspectiva abolicionista reside exatamente em afrontar as prisões no seu todo, pois se lutamos por novas condições de vida e de sociedade, a nossa solidariedade não se deve restringir apenas aos jogadores do nosso clube. Obviamente à cabeça da solidariedade surgem exatamente as pessoas como o António, que nesse aspecto é figura principal em Portugal, que resistem com todas as letras nas prisões. E estamos a falar de uma resistência de vida, de quem já passou mais tempo lá dentro do que cá fora. Essa frente de batalha tem que ter necessariamente um outro lado cá fora, e o “movimento” anarquista nunca se desligou disso mesmo. Atualmente os grupos de apoio a presos e/ou sobre as prisões estão a nível dos anarquistas reduzidos a uma ação de menor intensidade, uma vez que se foram desfazendo os coletivos da Cruz Negra Anarquista que existiam por Lisboa e Almada, mantendo-se apenas o do Porto. Prossegue, porém, mais ou menos através do coletivo Corta Correntes de Setúbal, o apoio ao António, e eles melhor que eu podem desenvolver o seu caso [resumidamente o António prossegue envolvido em querelas com os serviços prisionais por denuncias da realidade envolvente e por outro lado prossegue a luta para que seja posto cá fora face aos atropelos que a justiça tem vindo a fazer negando a sua saída que o cúmulo jurídico assim determinava há muito]. Por outro lado, nesta matéria de prisões há que referir para Portugal o ótimo trabalho que a ACED tem feito. Trata-se de uma associação [Associação Contra a Exclusão e pelo Desenvolvimento] que evoluiu de uma posição de reforma para mais abolicionista, e que sobretudo está “dentro” das prisões e é a voz de protesto que ainda subsiste por cá.

ANA > Existe relação dos anarquistas portugueses com as questões dos imigrantes que chegam no país? Algum trabalho em conjunto?

Samuel < Relação é claro que existe a nível das preocupações e das lutas inerentes. Porém, do que sei apenas no Porto se tem desenvolvido com maior regularidade um esforço nesse sentido através da Assembléia Libertária do Porto, mais concretamente pelo espaço Musas e pelo Terra Viva. É, aliás, um tema recorrente no Indymedia português, onde as questões da imigração e da fortaleza européia que nos acossa a todos [de fora e de dentro] constituem obrigatoriamente uma chamada de atenção. O trabalho, no entanto de maior destaque que se tem feito em Portugal ultimamente cabe à Associação Solidariedade Imigrante, como seja o seu Grupo Pelo Direito à Habitação [em várias frentes de luta contra o desalojo de bairros de imigrantes], no qual obviamente colaboram alguns companheiros.

ANA > Que livro anarquista recém lançado em Portugal mais te apreciou? Por quê?

Samuel < Não tanto um livro, mas a nova publicação [vão com dois números] do Centro de Cultura Libertária de Almada. Estes nossos companheiros de estreita colaboração com o CCA de Aljustrel, puseram cá fora a HÚMUS uma publicação de que só tenho pena ser ainda somente em formato de fanzine e fotocópia. Pela qualidade dos textos e gráfica merecia ser uma edição em maior escala e difusão. São, sobretudo textos de reflexões, mas sinal dos bons tempos que podem vir desde o Ateneu de Almada. Fora isso o panorama de edições em Portugal é ainda muito pobre, resistindo nas margens do anarquismo e da literatura alternativa apenas algumas editoras. Faltam algumas mais comprometidas que completem esse campo tão necessitado.

ANA > Além de Brasil e Portugal, tem conhecimento da presença anarquista em outros países de fala lusa? Um tempo atrás fiquei sabendo de pequenas movimentações em Moçambique...

Samuel < Desconheço por completo, e fico ansioso para que possas dar mais novidades nesse ponto!

ANA > Imagino que algumas histórias curiosas, engraçadas já tenham se passado no CCA. Poderia contar uma? [risos]

Samuel < Mais do que uma ou outra história, julgo que o bizarro mesmo é quando já noite adentro e a festa avançada se misturam punks com os mais castiços personagens de Aljustrel, que é recorda-te uma pequena vila do interior rural no Alentejo, pelo que esse cruzar cria sem dúvida alguma um cenário muito próprio [e que faria uns belos filmes…].

ANA > Considerações finais... Obrigado!

Samuel <>

9.1.07

primeiras festividades de 2007



Antes de sertem anunciadas as próximas actividades...das que vão para além da festa, ficam algumas propostas para que apareças no Clube. Entre a música e uns copos, vamos agitar as coisas em 2007, ok.